quinta-feira, 10 de julho de 2008

A importância das redes para as atividades de inteligência competitiva: notas sobre um curso de redes em IC

O tema redes vem ganhando um destaque cada vez maior nestes tempos de Web 2.0, internet de acesso rápido e fácil e novas ferramentas de compartilhamento de conhecimento sofisticadas. Desde as redes sociais com fins puramente pessoais até as redes especializadas em assuntos estudadas por apenas uns poucos pesquisadores no mundo, as redes têm se multiplicado em um ritmo alucinante.
Por estes dias fiz um curso de redes em inteligência competitiva com o professor Newton Castilho, da Universidade Federal do Paraná, que só aumentou minha convicção de que as redes devem ser mais utilizadas na atividade de IC. Elas podem ser aproveitadas por sua facilidade de geração, compartilhamento e disseminação dos conhecimentos para complementar e validar as informações criadas pelo Sistema de Inteligência Competitiva da organização.
Durante todo o curso, discutiu-se o assunto, tendo-se como foco que as redes são um sistema voluntário de interligação entre seus membros, podendo ter uma gama de atores que vai desde o patrocinador, passando pelos líderes, com papéis distintos e, ao mesmo tempo, interligados, tais como facilitadores, mediadores, incentivadores, até chegar aos colaboradores.
Para que uma rede funcione os líderes precisam estar em atividade constante, mantendo a motivação dos participantes em alta e buscando lançar desafios para que estes sintam a necessidade de dividir suas opiniões e impressões.
Existem redes de vários tipos, mas algumas, mais específicas, são as que interessam para a nossa atividade de IC, como as de especialistas, as de observadores ou provedores e as redes de decisores, cada uma com suas particularidades. Elas podem ser acionadas em cada uma das etapas do ciclo de IC.
As redes de analistas podem validar ou dar novas diretrizes às análises feitas, uma vez que havendo uma multiplicidade de conhecimentos, determinada abordagem pode ser levantada, contribuindo imensamente para a criação do produto de IC. É neste momento, através do processo de troca de informações, que os participantes tomam consciência da real dimensão da qualidade de informações que possuem.
Daí a importância da seleção dos membros da rede. As pessoas não precisam ser necessariamente especialistas no assunto chave, mas precisam, obrigatoriamente, ter conhecimento e compreensão do mercado. Também é interessante que elas possuam habilidades e competências pessoais como facilidade de comunicação, motivação, entusiasmo, curiosidade e, principalmente, disposição de compartilhar o que sabem.
Uma boa parte da discussão girou em torno do fato de várias áreas poderem ser agregadas ao processo através das redes, fugindo assim de estruturas hierárquicas rígidas e de atitudes que atrapalham o livre fluxo da informação.
A parceria entre todos os atores também é fundamental e uma relação de confiança deve ser fomentada, pois, como foi bastante ressaltado, a inteligência está nas pessoas.
Mas, como todo e qualquer processo a ser implantado, as redes de IC também possuem fatores críticos de sucesso que devem ser considerados quando de seu planejamento, para que sua atuação seja efetiva.
Neste item, os fatores cruciais para a criação de uma rede, segundo o professor Castilho são: - enfoque fortemente centrado no usuário; - processos e produtos alinhados com a cultura organizacional; - infra-estrutura que apoie as necessidades alinhada com a estratégia; - redes devem estar organizadas e em expansão; - a comunicação deve ser promovida continuamente; - elas devem ser constantemente avaliadas; e sempre lembrar que – pessoas são mais importantes que tecnologia.
Outros temas também foram tratados no curso e existe literatura abundante sobre o assunto, mas nada melhor que uma rede formada entre pessoas com os mesmos interesses - mas não necessariamente com a mesma formação ou o mesmo modo de pensar – para colocar em prática o que estudamos.
Resumindo, as redes podem, e devem ser utilizadas em todas as etapas do ciclo de IC onde elas sejam necessárias, mas é na análise e validação dessas análises que elas podem mostrar toda sua força. Para inovar é preciso encarar o desafio de trabalhar em rede e lembrar de uma das principais idéias da teoria de sistemas, onde “o todo é maior que a soma das partes”. Se uma rede é bem estruturada e seus participantes sentem-se motivados e reconhecidos, a sentença acima torna-se mais verdadeira do que nunca.

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